Intolerância, sensibilidade e alergia alimentar : entenda a diferença entre elas
Tempo de Leitura: 10 minutos Alergia a proteína do leite, intolerância a lactose, doença celíaca, sensibilidade ao glúten, alergia alimentar, intolerâncias alimentares, alimentação low […]
Alergia a proteína do leite, intolerância a lactose, doença celíaca, sensibilidade ao glúten, alergia alimentar, intolerâncias alimentares, alimentação low fodmap…esses são apenas alguns dos termos muito comentados atualmente que podem deixar muitas pessoas confusas e sem saber o que eles significam.
Será que todo mundo precisa retirar o glúten da alimentação? Sensibilidades alimentares podem ser revertidas? A alimentação low fodmap é uma boa opção para todo mundo? Veja abaixo os pontos que vamos abordar no texto a seguir:
- Diferença entre sensibilidade, intolerância e alergia alimentar
- Protocolo low fodmap
- Doença celíaca e sensibilidade ao glúten
- Convivendo com esses quadros
Sensibilidade x Intolerância x Alergia Alimentar:
Talvez você já tenha se sentido mal ou tido algum tipo de desconforto após uma refeição, como distensão abdominal, má digestão, gases, coceira na pele, entre outros e pensou que fosse algum tipo de alergia a algum alimento ingerido. Porém, apesar dos sintomas entre a sensibilidade, intolerância e a alergia serem parecidos, seus mecanismos são diferentes e a gravidade do quadro também pode variar muito.
Alergia alimentar
A alergia alimentar é a reação quase que imediata do sistema imunológico a algum componente de um alimento ingerido. De modo simplificado, é como se o organismo não reconhecesse tal componente como alimento e gerasse uma reação de defesa, desencadeando alguns sintomas, entre eles vômito, diarreia, coceira ou até mesmo choque anafilático. Por ser uma resposta rápida, dependendo dos sintomas que a pessoa apresentar pode ser muito perigosa.
Não existe tratamento medicamentoso para curar as alergias, mas sim medicamentos que tratam os sintomas. A melhor forma de controlar alergias alimentares é evitando o consumo dos alimentos que a desencadeiam.
Se você desconfia que possui uma alergia alimentar, considere procurar um médico e fazer um teste. Se você sabe que tem alergia a um certo alimento, fique sempre atento aos rótulos para evitar o consumo.
Sensibilidade alimentar
A sensibilidade alimentar é parecida com a alergia alimentar, já que também desencadeia uma resposta do sistema imunológico, porém essa reação é mais lenta demorando de 45 minutos a 3 dias para aparecer.
Como a reação é mais lenta e pode aparecer até dias após o consumo de certo alimento, muitas vezes são mais difíceis de identificar. As sensibilidades alimentares são mais comuns do que as alergias e, por conta da dificuldade de identificação, muitas pessoas vivem anos sem um diagnóstico.
Adotar uma dieta de exclusão de alimentos por um período e com acompanhamento profissional é uma das principais formas de detectar as intolerâncias. Nessas dietas, são retirados alguns tipos de alimentos durante um tempo e, aos poucos, eles vão sendo reintroduzidos para verificar qual deles causa alguma reação no organismo. Um exemplo dessa dieta é a Low Fodmap, que vamos falar um pouco melhor mais abaixo. Como existe reação do sistema imunológico, exames de sangue também podem ser utilizados para complementar o diagnóstico.
Muitas pessoas que descobrem algum tipo de sensibilidade alimentar as vezes descobrem também que a reação que ela provoca pode estar relacionada com a quantidade consumida do alimento em questão. Isso quer dizer que, em alguns casos, o alimento que provoca a sensibilidade pode ser reintroduzido em quantidade moderada e variando com outros alimentos. Porém vale lembrar que isso é muito pessoal e os testes de reintrodução é que vão mostrar se isso é possível para cada um.
Intolerância alimentar
A intolerância alimentar é a dificuldade que uma pessoa pode ter para digerir um certo alimento ou componente de algum alimento e são muito comuns principalmente em pessoas com distúrbios no sistema digestivo.
Diferentemente das alergias, as intolerâncias alimentares não desencadeiam uma resposta imunológica mas sim, na maior parte dos casos, sintomas digestivos mais pontuais.
Uma das principais causas de intolerâncias alimentares é a falta de certas enzimas digestivas. As enzimas são proteínas produzidas pelo nosso corpo que quebram os alimentos e seus componentes durante a digestão para serem absorvidos. Se elas estão em falta ou em menor quantidade quando um alimento específico é ingerido, esse alimento não será digerido de forma apropriada.
Um exemplo muito comum de intolerância é a intolerância a lactose. Para digerir a lactose, nosso corpo produz a enzima lactase. Se a produção dessa enzima estiver comprometida e houver ingestão da lactose, essa lactose não será quebrada nem absorvida e ficará no trato digestivo podendo provocar gases, distensão abdominal, náusea, diarreia, entre outros sintomas.
Dependendo do grau da intolerância alimentar, pode ser a pessoa seja capaz de comer pequenas quantidades do alimento sem problemas. Enzimas digestivas também podem auxiliar no dia a dia de quem tem essa condição
Protocolo Low Fodmap
Você já ouviu falar em fodmaps? Os fodmaps são um conjunto de tipos de carboidratos que não são absorvidos adequadamente no intestino e podem desencadear sintomas em pessoas com síndrome do intestino irritável e sensibilidades alimentares. Dentre os sintomas, os mais comuns são diarreia, distensão abdominal, gases, constipação e dores abdominais.
O termo fodmap foi criado pela Universidade de Monash e é uma sigla em inglês que significa oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis, e são naturalmente encontrados em muitos alimentos e aditivos alimentares.
Abaixo, conheça alguns dos principais alimentos ricos em fodmaps:
- Oligossacarídeos: cebola, alho, trigo, feijões, melancia, aspargos, entre outros.
- Dissacarídeos: leite de vaca, cabre e ovelha, iogurte, ricota, cottage.
- Monossacarídeos: mel, agave, maçã, pera, manga
- Poliois: xilitol, sorbitol, cogumelos, damasco
Agora que você já entendeu o que são os fodmaps, vamos entender o que é o protocolo low fodmap. Em inglês, low significa baixo, portanto o protocolo low fodmap é uma dieta baixa ou pobre em fodmaps. Esse protocolo tem como objetivo ajudar as pessoas com suspeita de síndrome do intestino irritável, crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado (SIBO), sensibilidades alimentares e alguns outros distúrbios intestinais a descobrirem quais alimentos são problemáticos e quais reduzem os sintomas.
A dieta low fodmap foi desenvolvida pela Universidade de Monash e consiste em 3 etapas:
- Primeira etapa: são retirados todos os alimentos ricos em fodmap por um período de 2 a 6 semanas.
- Segunda etapa: os alimentos ricos em fodmap são reintroduzidos gradualmente e um de cada vez a cada 3 dias, para que seja possível detectar qual deles provoca alguma reação ou não. Essa etapa pode durar de 8 a 12 semanas.
- Terceira etapa: nessa fase os alimentos que provocam os sintomas já foram identificados. Pode ser que alguns dos alimentos provoquem sintomas apenas quando consumidos em grandes quantidades ou que outros não sejam tolerados nem em quantidades mínimas. Portanto essa é a fase de adequar a alimentação personalizada para ser seguida a longo prazo.
Esse é um uma dieta bastante restrita e desafiadora, principalmente durante a primeira e segunda fases, e não deve ser feito por conta própria nem por pessoas que não apresentem sintomas digestivos. Por ser considerada uma espécie de tratamento para certas condições gastrointestinais, deve ser realizada apenas com indicação e acompanhamento médico ou nutricionista, que garantirão que garantirão a realização correta e nutrição adequada.
Doença celíaca e sensibilidade ao glúten
Aqui estão mais dois termos que geram bastante confusão! Você sabe qual é a diferença entre doença celíaca e sensibilidade ao glúten?
Antes de explicarmos a diferença entre elas, é preciso entender melhor o que é o glúten. O glúten é uma proteína encontrada em alguns cereais, como trigo, cevada e centeio. Nosso intestino não consegue digerir completamente o glúten, o que estimula a produção de substâncias que aumentem a permeabilidade intestinal e faça com que ele ultrapasse as barreiras de proteção mesmo sem ser totalmente digerido.
Simplificando, é como se o glúten arrombasse uma porta para entrar no nosso organismo e isso não é bem aceito pelo nosso sistema imunológico, que aciona seus sistemas de defesa contra essa espécie de invasor. Isso não quer dizer que pessoas com intestino saudável não tolerem glúten e precisem retira-lo da alimentação, basta consumi-lo com moderação e rotacionar com outros alimentos.
E qual é então a diferença entre doença celíaca e sensibilidade ao glúten?
Na doença celíaca, essa “invasão“ do glúten desencadeia uma resposta imunológica exacerbada, provocando assim um quadro crônico de inflamação intestinal e, consequentemente vários problemas para a saúde como diarreia, carências nutricionais, perda de peso acentuada, irritabilidade, alterações na pele, infertilidade entre outros. Não existe cura para a doença celíaca e o tratamento é feito com a retirada total de alimentos que contenham glúten
Já na sensibilidade o glúten, a resposta não é imunológica. A dificuldade em digerir o glúten faz o organismo de pessoas sensíveis apresentar sintomas gastrointestinais mais agudos como distensão e dores abdominais, gases, azia, diarreia e vômitos. O tratamento também se faz com a retirada do glúten, porém dependendo do grau da sensibilidade da pessoa, pequenas quantidades de glúten podem ser toleradas.
Em ambos os casos, o diagnóstico é feito por um médico gastroenterologista através de exames clínicos e laboratoriais.
Convivendo com esses quadros
Embora comuns, as reações alimentares em geral podem ser difíceis de identificar, o esforço vale a pena! Todas elas devem ser tratadas com seriedade e responsabilidade, pois seus efeitos podem ser muito debilitantes, tanto a curto quanto a longo prazo.
O acompanhamento de um especialista para diagnostico e tratamento é essencial e possibilita que pessoas com esses quadros tenham mais saúde e qualidade de vida. Os médicos gastroenterologistas e alergistas trabalham no diagnóstico e no tratamento para controle dos sintomas e reações. Já os nutricionistas auxiliam na montagem de um cardápio seguro e nutricionalmente adequado, tornando a alimentação o mais prazerosa e abrangente possível.
Identificar o problema, fazer escolhas alimentares conscientes, ter atenção na leitura do rótulo e aprender a ouvir seu corpo são os pilares de pessoas com alergias, intolerâncias e sensibilidades alimentares. Lembre-se disso e cuide bem de você!
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Texto escrito por: Marcela Worcemann Nutricionista Esportiva e Plant Based CRN3: 47052